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Incidentes com tubarões: Conselho de Biologia defende prevenção, fiscalização e investimento em: pesquisas e recuperação ambiental - 22/03/2023


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O Conselho Regional de Biologia da 5ª Região (CRBio-05), diante dos recentes incidentes com tubarões em Pernambuco, reuniu alguns Biólogos que atuam na área para emitir uma nota defendendo a criação de uma força-tarefa que envolva seis eixos - a prevenção, a fiscalização e o investimento em pesquisas, recuperação ambiental, campanhas educacionais e em infraestrutura para manter o equilíbrio ambiental e a segurança dos banhistas.

No intervalo de 15 dias, foram registrados três casos na Região Metropolitana do Recife, sendo um em Olinda e dois em Piedade, Jaboatão dos Guararapes. O primeiro registro ocorreu na praia de Del Chifre, em Olinda, no dia 20 de fevereiro, com o surfista André Luiz Gomes, de 32 anos. Ele passou por cirurgia na perna e se recupera em casa.

Os outros dois casos foram com os adolescentes Claudemir Gleybson Ferreira, de 14 anos e Kaylane Timóteo Freitas, 15 anos. Os incidentes ocorreram em dois dias seguidos, no domingo (5/3) e segunda-feira (6/3). A garota teve uma parte do braço esquerdo arrancado e recebeu alta hospitalar uma semana depois. O garoto teve a perna direita amputada e segue internado. Com isso, subiu para 77 o número de ocorrências envolvendo tubarões em Pernambuco, desde 1992.

 

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 APORTE FINANCEIRO

Com o alvoroço provocado pela volta dos incidentes nos últimos dias, o Governo de Pernambuco anunciou um aporte de R$ 2 milhões para investimento em pesquisas. Aí é importante fazer uma contextualização. A Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), através do Departamento de Pesca, desenvolveu durante duas décadas, de 1994 a 2014, um trabalho de pesquisa voltado para elucidar a causa desses incidentes com tubarões na costa pernambucana. Porém, o trabalho foi interrompido.

"Nesse período, algumas informações inéditas vieram à luz. Duas espécies foram confirmadas através de fragmentos dentários: cabeça-chata (Carcharhinus leucas) e tigre (Galeocerdo cuvier). Não podemos, entretanto, descartar outras espécies, como o galha-preta (Carcharhinus limbatus), muito comum na Flórida (EUA) e que é o maior responsável pelos incidentes naquela lugar, e tem sua ocorrência registrada na área de Pernambuco. Mas a pesquisa foi interrompida pelo Governo do Estado em razão dos excelentes resultados obtidos com o PROTUBA, pois os incidentes reduziram com as campanhas de conscientização com a população e se imaginou que não era mais preciso se preocupar com esses incidentes com tubarão", enfatizou a Bióloga Danielle Viana (CRBio 59.950/05-D), Doutora em Oceanografia e Pesquisadora do Departamento de Pesca e Aquicultura da Universidade Federal Rural de Pernambuco.

 

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 Os resultados obtidos pelo PROTUBA até 2004 mostraram que nos períodos sem o monitoramento realizado pelo barco Sinuelo (32 meses) ocorreram 17 incidentes, equivalendo a uma média de 0,531 incidentes/mês, enquanto nos 91 meses com a operação de captura em curso, foram registrados 3 casos, equivalendo a uma média de 0,033 incidentes/mês, indicando uma redução na ordem de 17 vezes, ou cerca de 95%.

Dos 77 casos registrados em Pernambuco desde 1992, 10 foram no Arquipélago de Fernando de Noronha e 67 na Região Metropolitana do Recife, sendo 60 em um trecho considerado o mais crítico: da Praia do Pina, no Recife, até a Praia do Paiva, no Cabo de Santo Agostinho. E 15 destes casos foram na região conhecida como Igrejinha de Piedade, justamente onde ocorreram os dois últimos registros. Vale a pena destacar que a topografia ajuda na presença dos animais, pois existe um "canal"com profundidades variando de 4 a 12 metros, que se extende do Pina até os Arrecifes de Candeias, cerca de 20 km de extensão e que em alguns pontos, fica muito próximo à praia. Também existe uma correlação entre os incidentes com as fases da lua, nova e cheia, pois nessas fases lunares as marés são máximas, o que propicia que tubarões de maior porte se aproximem da linha de praia.

RECUPERAÇÃO AMBIENTAL

Os Biólogos acreditam que, se algumas medidas de recuperação ambiental tivessem sido adotadas, bem como a avaliação da condição do Rio Jaboatão e uma análise mais profunda dos resultados alcançados com o afundamento de rebocadores e o desenvolvimento de projetos na área da conservação, por exemplo, poderiam auxiliar na diminuição da degradação ambiental generalizada que se instalou nos ambientes costeiros.

 

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL


Nessa retomada dos trabalhos de pesquisa, o uso dos receptores acústicos será importante para fazer esse mapeamento e um monitoramento dos tubarões na região. Entretanto, os Biólogos sinalizam que será preciso aproximadamente um ano para se ter algum resultado. Por isso, a Educação Ambiental se torna um mecanismo de ação mais rápido.

"A prevenção é o que a gente mais precisa trabalhar, evitando o encontro entre o peixe e o ser humano por meio de campanhas de Educação Ambiental. Lembro do eterno professor Fábio Hazin, que passava isso como muita segurança e propriedade. Ele foi pioneiro em trazer tudo o que Pernambuco sabe sobre tubarões, através do projeto de pesquisa, monitorando os animais e os guiando para outro local, para fora da área de conflito. Temos que lembrar que o ambiente é dele, do animal. A gente detonou durante muito tempo e um dia a conta iria chegar. O local onde ele caçava e se alimentava, por exemplo, não existe mais (por conta da construção e dragagem do Porto de Suape)", destacou o Biólogo e professor André Maia (CRBio 107.742/05-D), Especialista em Paisagismo e em Gestão Ambiental.

"Os tubarões desempenham um papel fundamental para o equilíbrio do ecossistema marinho. Nosso trabalho enquanto cientistas é reduzir o risco de incidentes através da instituição de medidas adequadas. Acredito que ampliando os esforços nas linhas de ação da Educação Ambiental, fiscalização e prevenção vamos conseguir sensibilizar a população e diminuir o número de futuros incidentes", afirmou Danielle Viana, acrescentando também a importância de implementação de um projeto de lei que adote as ações de Educação Ambiental de forma contínua, mesmo com a alternância no poder.

INFRA-ESTRUTURA


Os Biólogos também apontaram a necessidade de se melhorar a infraestrutura das praias, com aumento do número de banheiros, chuveirões e estimular o uso de piscinas por barraqueiros nos pontos de maior risco dos incidentes. "Também poderíamos pensar na construção de um local físico e fixo que possa receber todo o material biológico proveniente das pesquisas, a fim de disseminar as atividades de Educação Ambiental, transformando-o em uma espécie de museu, como existe de forma privada em Fernando de Noronha", finalizou Danielle Viana.

INTERDIÇÃO


O CRBio-05 acredita que a interdição provisória dos trechos onde os incidentes são mais recorrentes, ideia defendida por alguns ptofissionais, seria o último caminho. Ressalta-se ainda a necessidade de termos uma política pública de apoio aos comerciantes que tiram seus sustentos daquela área, como afirma o Coordenador da Comissão de Divulgação e Informação, o Biólogo Mário Luiz Farias Cavalcanti (CRBio 36.956/05-D).

 

FONTE ESPECIALIZADA PARA ENTREVISTA


- Biólogo André Maia (CRBio 107.742/05-D);
- Bióloga Dra. Danielle Viana (CRBio 59.950/05-D);

ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DO CRBio-05

Maurício Júnior (81) 98873-5777
Marcos Leandro (81) 98862-9303
Clauber Santana (81) 98840-5163

 

Crédito foto da capa: Frepik.com


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